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J-Bay Open começa amanhã na África do Sul

Assim como a etapa brasileira, J-Bay ficou fora do circuíto mundial da WSL desde o começo da pandemia. Conhecida como a melhor direita do planeta, a onda novamente vai abrigar os melhores surfistas na penúltima parada antes das finais.

Se a parte de baixo da tabela gera pouca emoção pois todos que sobreviveram ao corte já estão classificados; a parte de cima está pegando fogo, com diversos surfistas tentando uma vaga em Trestles.

Vamos conhecer como o surf começou naquele canto mágico da África do Sul?

A história do Surf em J-Bay

A pacata cidade na África do Sul recebeu este nome em homenagem ao Capitão Jeffreys, que navegou pela costa do continente por volta de 1840 em expedições comerciais.
Em uma das expedições, o navio do capitão foi infestado por uma epidemia de escorbuto, uma doença rara nos dias de hoje que atinge quem tem uma série deficiência de vitamina C.


Ele foi obrigado a atracar seu navio em J-Bay, aonde logo percebeu o potencial do lugar. Lá construiu o primeiro porto, aonde hoje em dia é a praia principal do pico.
A cidade, obviamente cresceu desde então, mas mesmo depois do surf chegar em J-Bay, uma das melhores ondas do mundo ainda ficou tranquila por muito tempo.

J-Bay foi surfada pela primeira vez em 1964

O surfista sul africano John Whitmore avistou as direitas de J-Bay em 1959, mas 1964, foi o ano em que a joia do continente foi surfada pela primeira vez.
Alguns surfistas de Cape Town estavam viajando para um campeonato em Port Elizabeth, e acabaram parando em um bar local para comer Fish N` Chips. J-Bay quebrava de forma perfeita chamando a atenção dos atletas que foram direto para a água.

O clássico Endless Summer, que foi filmado em 1963, também pode ser listado como um dos responsáveis pela descoberta do pico.

Lançado em 1967, o filme mostrava uma direita incrível localizada à 30 quilômetros ao sul de J-Bay. Três anos depois, por volta de 1970, a revista americana Surfer, em um artigo chamado “A busca pela onda Perfeita”, denunciou que a onda do Endeless Summer era atípica, e quebrava raramente nas condições do filme. A mesma matéria falava que a verdadeira pérola da região estava localizada ao norte, e quebrava com bem mais constância.

A notícia se espalhou, e logo alguns hippies das cidades grandes começaram a se mudar para o pico em busca de ondas boas e tranquilidade, e também para escaparem da tensão do Apartheid, que durou entre 1948 e 1994.

Freeform e Fantasea

A onda foi revelada ao mundo no documentário de 1970 Freeform, mas o impacto planetário foi causado pelo cineasta californiano Greg Huglin, no clássico Fantasea, de 1978.
As imagens encantaram surfistas de todos continentes. Ondas de 6 a 10 pés quebravam perfeitamente no reef de lava sul africano. Automaticamente, o pico virou um destino aventureiro para os viajantes da época.

Miki Dora em J-BAY

Uma dupla pitoresca fez parte dos primeiros surfistas a se mudarem de mala e cuia para J-Bay. Miki Dora e Mike Tabeling acharam na pacata cidade o lugar perfeito para sua moradia. Além do clima tranquilo e ondas perfeitas, a embaixada americana mais próxima ficava a milhares de quilômetros de distância, evitando que fossem perseguidos por possíveis contravenções que haviam cometido nos Estados Unidos.
A J-Bay de hoje mudou drasticamente em relação à época em que o rebelde Dora frequentava o local. Bruce Gold é um dos poucos hippies que sobreviveram dessa época. 

Centenas de apartamentos de veraneio, casas e negócios foram construídos na cidade.
O surf pode ficar bastante crowdeado, e cheio de locais nos dias melhores. Mas a onda ainda está lá, e a comunidade luta firme para manter o clima pacato da cidade, que não é mais deserta, mas está longe das grandes surf cities espalhadas pelo mundo.